Hoje vou ser curta e grossa. E já vou adiantar o assunto: perdão. Não vou falar do perdão-convencional, aquele que funciona assim: brigas com alguém (sim, tu pisaste feio na bola, agrediste verbalmente o tal alguém), te arrependes, vais lá, pedes perdão, és perdoado e...beleza, tudo resolvido! Abraços e beijos, vamos colocar uma pedra (basalto, pedrão, pedra-sabão) em cima disso.
Quero falar de outro tipo de perdão. O nosso perdão. O perdão que precisamos para viver (tentar?) em paz. Aquele que fica entre tu e o teu coração. As pessoas precisam aprender a se perdoar. Ah, o que essa palhaça está dizendo? Eu me perdôo. Perdoas-te uma pinóia! Podes dizer que sim, mas duvido que te perdoes por completo.
Seguidas vezes, na inocência, falamos o que não devemos. Pqp, falei. E agora? Nunca mais vou abrir a boca nessa vida (nem nos próximos 25 mil anos). Deixamos de dizer coisas quando éramos pra ter dito "coisas". Caramba, não falei, agora é tarde. Não vou me perdoar. Cometi uma gafe filha da mãe. Paciência, acontece. Paciência nada, a morte era melhor! Eu e a minha bocona grande (não a bocona da Cicarelli, boca-grande-mesmo, boca que foi feita para, em muitos casos, ser colada com fita isolante). Não me perdôo por isso.
Na vida ganhamos e perdemos. Nada de novo até aí. Uma criança de 6 anos sabe disso. Só que é difícil a gente se perdoar (e obtermos o perdão da nossa melhor-amiga-de-todas-as-horas-chamada-consciência) por ter perdido oportunidades, por ter tido medo de arriscar, medo de mudar, medo de enfrentar obstáculos, medo dos nossos próprios medos.
É difícil, trabalhoso e delicado. Eu já me perdoei por muita coisa, muita burrada que eu fiz, muita besteira que eu disse (coisa errada dita em hora errada, sabe?), oportunidades que deixei escapar entre os dedos (das 2 mãos e dos 2 pés). E ainda não me perdoei por um bando de coisas também. Acho que nem 20 anos de análise me ajudam em certos aspectos. Porque a grande melhor amiga, a Sra. Consciência, te cobra diariamente. Ela é chata, metida e incomoda. Não tira férias e faz hora extra. Eu viajo, durmo, me divirto e ela está sempre comigo, me cutucando e dizendo: estou aqui, sua danada!
Pois é, e aí?
Fica um recado: o que der, perdoa. Te perdoa. Remoer sentimentos negativos e ficar pensando no que deixamos passar só faz mal pra gente. Os outros não estão nem aí. O que não der pra perdoar, encara e enfrenta. Enfrenta teus próprios medos e abismos. Convive. E tenta. Afinal, são nossos perdões diários que nos fazem ser quem somos.