Sapatinho de cristal

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Aproveitando o texto anterior, tem uma pessoa específica que eu gostaria de pedir perdão. É um perdão franco, sincero, de peito aberto e coração fazendo tum-tum.

Me perdoa, tá? Perdoa mesmo. É fácil eu ficar te apontando o dedo, te julgando, dizendo que fizeste isso ou aquilo. É cômodo eu ficar no papel de mocinha e tu no de vilão. Eu, a guriazinha que foi feita de palhaça, que foi mais uma na lista, que foi espinafrada e usada. Oh, que dó. Pobrezinha. Não! Não tenha pena. Nem te comove. Nem nada disso.

Eu sei o que sou, como sou e quem quero ser quando crescer. Tá bom, vai, sei que já sou uma mulher, mas eu queria ser criança. Esse mundo dos grandes é chato, cheio de responsabilidades e esse negócio de ter casa de adulto, trabalho de adulto e vida de adulto não é pra mim. Quero vida leve, livre, descompromissada e sem-rotina-enjoada. Quero poder ser quem eu sou, sair de cara lavada.

Desculpa, estou fugindo do assunto.

Me perdoa. Fui criança, mega-imatura, super-debochada e crazy. Imaginei uma coisa. E inventei um sentimento. Tudo pra que? Para satisfazer os meus próprios desejos infanto-juvenis. Acreditava que eu era a Cinderela. E tu um lindo príncipe. Ok, estamos em 2006. Pensamento mongol esse o meu, né?

Perdão, fugi na hora errada. Usei palavras mal ajustadas. Fiquei mal posicionada. Fui fria. Fui ácida. Fui indiferente. Quando era pra eu ter sido honesta, dei no pé legal. Sabe por quê? Deu medo. Tive medo de me envolver, de me apaixonar. Medo de te querer. Fiz tudo errado, do começo ao fim. Quando vi que estava pondo tudo a perder, pensei: vou mostrar tudo que eu quis esconder. Aí meti os pés pelas mãos. Vacilei, agi feito uma destrambelhada, me inventei, te reinventei. Queria que tu visses que o que eu sentia era verdadeiro e real. E te "mostrei" isso de uma forma totalmente fora de propósito.

Te tirei do sério. Mas te tirei do sério mesmo. Lembra o que tu me disseste uma vez? Que eu era assim: via algo numa vitrine, achava bonito e quando obtinha o "algo" simplesmente não dava bola e não queria mais. Acho que tens razão. Sabe quando te dei valor? Sabe quando me apaixonei? Sabe quando te quis de verdade? Quando vi que estava começando a perder.

Me perdoa. Não queria ter passado essa imagem de mulher fria, garotinha mimada e pessoa-sem-noção. Desculpa. E te peço de coração, da alma. Se eu pudesse voltar atrás teria agido diferente. Teria tido mais paciência, teria medido as palavras, teria agido mais. Sim, eu agi. Nós sabemos. Mas agi no momento errado. Deixei passar o momento exato. O tempo foi desajustado. Quando a coisa aperta para o meu lado quero fazer tudo que não fiz. E dizer tudo que não disse.

Mas eu cresci, sabia? Amadureci. E, não sei se sabes, me ajudaste bastante. Perdoa o meu medo. A minha falta de jeito. Falta de tato. Falta de ato. E o excesso de fuga. Fugi de mim também. Eu não queria sentir, não podia, pois desde o começo entrei achando que ia sair com o coração capenga e retalhado.

Não sou nada disso que tu pensas. Mas não te tiro a razão de pensar tudo isso a meu respeito. Sabe por quê? Porque a gente entende como quer. Criamos uma imagem da pessoa em cima do que ela nos mostra, nos passa, deixa transparecer. E, a partir daí, surgem os malditos "rótulos". Fulana é assim. Fulano é assado.

Perdoa, baby. Se conseguires, me perdoa.

Sabe o que eu quero hoje? Te dar um abraço, conversar e tentar te mostrar quem eu sou. Mas não é uma tentativa-romântica. E sim uma tentativa-de-amizade. Quero isso porque sei que és uma pessoa com um lindo coração. E muito especial. Especial mesmo. Espero que, após teres lido isso, tenhas me perdoado. Mas eu quero um perdão-sincero.


Ass: Gata Borralheira "Malcriada" (que pensou ser Cinderela)
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