Não tenho a menor vocação pra ser santa, freira ou a Madre Teresa de Calcutá. Sou esquentada. Braba. E sem paciência. Acrescenta aí uma pitada de insanidade.
Vocês conhecem alguém que guarda o celular dentro da geladeira? Já fiz isso. E foi ontem. Foi sem querer, mas coloquei o pobre bicho na geladeira. E me dei conta bem depois. Sou esquecida e atrapalhada. Vivo com pressa e, se faço as coisas correndo, me atrapalho inteirinha.
Não me dá recado porque esqueço. Esqueço tudo, perco a chave, não acho as coisas dentro da minha própria bolsa (deve ser porque carrego a vida dentro dela).
Pelo amor de Deus, não ignora o fato de eu estar dormindo. Estou com os olhos fechados e deitada? Edredon até as orelhas? Um mais um são dois, certo? Então estou dormindo. Alguém entra no teu quarto feito uma avalanche falando. Jisuis conserve, viro bicho. Estou dormindo. Sai daqui.
Telefone toca em horários impróprios? Não atendo. E se atendo digo que não posso falar naquele momento. Pronto, fui grossa. Grossa? Não. Só não posso falar.
Por que somos mal interpretados? Se eu posso falar, falo. Se não posso, não falo. É simples, não sei por que complicam.
Estou monossilábica. Hum, ela tá braba. Ou com problema. Não! Só estou monossilábica. Não sei fingir. Se estou bem, todo mundo vê nos meus olhos. Se estou com problemas, fico na minha e, se necessário for, peço ajuda. Não sei usar disfarce. Estou quieta? Só estou quieta. Se tem motivo eu digo.
Às vezes a gente finge pra não preocupar os outros, pra não incomodar, pra não atrapalhar. Às vezes a gente consegue resolver um pepino sozinha, outras não.
Eu sei pedir ajuda e consigo reconhecer quando piso na bola. Mas não consigo me trair. No meu mundo atrolhado de trapalhadas-cômicas e romântico-compulsivo consigo dizer o que sinto. E acho isso uma virtude. Não suporto gente falsa. É falso? Cai fora, nem me cumprimenta. Não quero.
Com o passar dos anos (é que tenho mais de 1.000) me tornei uma pessoa seletiva. Me queres bem? Vem pra cá. Me queres mal? Toma, pega a passagem (só de ida) para a Mongólia. Boa viagem. E não precisa mandar fotos. É meu amigo? Defendo até o último fio de cabelo. É meu inimigo? Seja feliz (longe de mim).
Não vai me dizer que fui grossa?!?