Ah, me deixa. Às vezes é melhor esquecer o mundo e ser feliz do nosso modo. Viver uma verdade inventada e, por vezes, escondida. Não precisa dividir com ninguém, é só estar constantemente regando a plantinha dos sonhos. Ninguém tem nada a ver com isso, o sonho é teu e a verdade é tua. Tudo bem, sei que existe a verdade universal e absoluta. Mas quem disse que a minha não pode ser? É minha e pronto. Me deixa. Preciso ser egoísta agora. O egoísmo não é ruim, depende de como o direcionamos.
Eu sei que não é fácil, viver não é tão simples como dizem por aí. Nos manuais há sempre uma solução, um caminho. Nos livros há sempre um final. Nas novelas tem sempre o efeito surpresa que é o que te cura e te salva. Nos filmes tudo acaba bem. E na vida mesmo, essa vida que só a gente sabe como é? Hein?
Quem te vê caminhando com o cabelo lindo, cheio de brilho e o rosto corado pensa que a tua vida é fenomenal. Nossa, aquela pessoa ali não tem um problema sequer. Mentira. Da grossa. Olha lá, que linda! Como é gente boa! Tem sempre uma resposta, uma saída, uma coisinha pra dizer que está ali, esperando pra ser dita. Mentira.
Isso tudo faz parte da verdade inventada. Estou sorrindo, estou sorrindo, está tudo sob controle. Minha vida? Ótima, obrigada. Mas a gente sabe. O travesseiro sente. E a gente se pergunta se é normal ser assim. Tenho mesmo que sorrir? Tenho mesmo que fingir? Não, não tem. Mas é mais fácil assim. Dói menos. Quem sabe se a gente fingir a coisa não muda? Quem sabe se a gente mantiver aquela chaminha da esperança acesa a fé não se perde? Quem sabe? Eu sei. E eu digo: me tira tudo, mas me deixa com a minha verdade inventada. Afinal, é justamente ela que nos livra da loucura. Todavia, nada impede que tenhamos nossos surtos diários.