Outro dia, numa conversa informal, descobri o que as mulheres querem. Rapazes, prestem muita atenção, essas linhas valem ouro para vocês! Você pode ter bigode, barba, cavanhaque. Pode ser índio, branco, japonês, negro, azul. Alto ou baixo. Loiro, moreno, ruivo, careca. Pode até ter dreadlocks. Pode ser magrelo, gordinho, estar no peso, ter uma barriguinha, se encaixar nos padrões ou ficar fora deles. Pode ser rouco, ter voz fina ou grossa. Olhos castanhos, verdes, azuis, cor de mel. Você pode usar anel, boné, brincos, chapéu, colares, pulseiras, bandanas. Pode ser calmo, agitado. Ter ascendente em escorpião ou gêmeos. Andar de ônibus ou de jatinho. Ser novo ou velho. Você pode tudo e não, não pensem que o que as mulheres querem é dinheiro. Você pode ter muito, pouco, quase nada, viver bem, controlar as despesas ou gastar feito louco. Elas gostam de diamantes, mas eles não trazem felicidade plena, apenas iluminam seus pescoços. Mulheres querem coisas simples, sabiam? Não há nada mais intrigante que o coração de uma mulher. Porque os gays são os melhores amigos das mulheres, vocês sabem? Não é porque eles adoram seus scarpins, acham linda a cor de suas sombras, as paparicam, colocam a auto-estima delas nas alturas e lhes dão ótimos conselhos (vale lembrar que quando a mulherada está na fossa não há melhor companhia para levantar o astral que a deles!). Eles simplesmente as escutam. Quer conquistar uma mulher? Escute-a. Quer manter o amor de uma mulher? Escute-a. Quer reconquistar uma mulher? Escute-a. Quer fazer as pazes com uma mulher? Escute-a. Elas só querem ser ouvidas. Não me venham com as alternativas furadas de “ela que converse com as amigas”, “discutir relação é um saco” ou “ela que resolva os problemas no terapeuta” (é, eu pensei em tudo, tudinho mesmo!). Queremos que vocês nos ouçam. Ouçam nossas palavras. Respiração. Delírios. Devaneios. Medos. Divagações. Sussurros. Sonhos. Fantasias. Desejos. Confusões. Problemas. Gemidos. Queremos que vocês ouçam o nosso piscar de olhos. Nosso chororô. Nossos corações batendo. Você pode ouvir e dar o seu ponto de vista. Ouvir e ficar calado. Ouvir e dar um abraço. Ouvir e pegar no colo. Ouvir e dar um beijo. Ouvir e lançar aquele olhar que corresponde à frase que queremos (e precisamos) escutar: “eu te entendo e te entendo e te entendo e te entendo”. Quais são as nossas maiores reclamações? Falta de consideração, falta de demonstrações (dizer que gosta é fácil, mostrar que gosta é difícil), falta de diálogo. Sei que, às vezes, somos chatas, a maldita tpm nos persegue (acreditem, nem nós nos aturamos nessa fase filha da mãe!), fazemos mil perguntas, nos magoamos com coisas insignificantes (para vocês). Sabem essas coisas que, para vocês, não têm o menor sentido? Pra nós tudo tem sentido, até mesmo as coisas sem sentido. Gostamos de gentilezas sem viadagem, carinhos sem grude, ciúme sem excesso. Gostamos que vocês sintam a nossa falta, que digam que morrem de saudades, que liguem para mandar só um beijo, que mandem uma mensagem de texto no meio da madrugada pra dizer que estão com insônia e estão pensando em nós. Palavras bonitas. Ouvidos bonitos. Mas que seja tudo honesto e venha lá do fundo, odiamos mentiras e falsidades e frases ditas hoje e esquecidas amanhã. Não tenham medo, não somos monstros. E, querem saber? Precisamos é de muito pouco. “Estou cansada de dizer sempre a mesma coisa.” Já ouviram isso? Aposto que sim. Porque será? Vocês não escutam. Eu sei, meninos, vocês não são surdos (é que de vez em quando parece). Rapazes, eu garanto, vocês podem ser lindos de viver ou feios de morrer, mas se vocês aprenderem a nos ouvir podem até deixar a toalha molhada em cima da cama...não iremos ter nenhum surto psicótico.
Sobre o blog
Clarissa Corrêa
Clarissa Corrêa é escritora e redatora publicitária.
É autora dos livros Um pouco do resto, O amor é poá, Para todos os amores errados e Um pouco além do resto.
Já foi colunista do site da Revista Tpm, do Vila Mulher e do Donna.
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