Dizem que libra é o signo do equilíbrio. Dizem. A balança representa a justiça. Conseguimos ver todos os lados de uma situação, apesar de sermos um pouco indecisos. Não gostamos de atrito, briga, conflitos...até pisarem nos nossos calos. Somos sociáveis, amáveis, charmosos, apreciamos o bonito, o belo. Somos governados pelo planeta Vênus. Vênus era Afrodite na mitologia grega, a deusa do amor, da beleza, do prazer. Nosso elemento é o ar. Signos do ar são intelectuais. Temos a mente aberta, nos colocamos no lugar do outro, somos bons comunicadores, sensatos, inteligentes. Gostamos de debates, brincadeiras e somos românticos. Tudo bem até aí? Não sei quanto aos outros librianos, mas não me considero uma pessoa equilibrada. Para os outros sou, pra mim não. Mesmo porque é fácil palpitar e dar conselhos pro amigo. Não é sempre assim? Somos adeptos da velha teoria (velha, mas usada) “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Sempre fui assim. Rapaziada, façam o que eu digo, da minha vida cuido eu. Pode ser assim? Porque esse comportamento? É horrível quando alguém te aponta o dedo e resolve dizer e exemplificar as tuas falhas. A gente fica na corda bamba, parece que perde o rumo, nos sentimos agredidos. Críticas são sempre bem-vindas. Peraí, não é assim. Nem sempre é assim. Eu escrevo, estou me acostumando com críticas. E noto que tudo depende do dia, do meu estado emocional, se dormi bem ou não, se estou com cólica ou não. Se estou num dia legal, me encham de críticas e digam que preciso de mil e um reparos. Se estou num dia nada legal, não, não me joguem pedras. É assim com todo mundo, fim de papo. Ninguém é de ferro, por mais forte que seja. Ou por mais forte que pareça ser. Há uma grande diferença entre ser e mostrar. Mostramos uma coisa, somos outra. Passamos uma imagem e, às vezes, não somos nada daquilo que os outros pensam. As pessoas falam de coisas que elas criam. E o que elas criam, bem, é problema delas, não nosso. Já fiquei muito triste, já briguei, já desesperei e não resolveu nada. Querendo ou não sempre tem um que vai falar de ti. Mesmo que tu sejas uma pessoa legal, que tente ser agradável (na medida do possível) com todos que te rodeiam. Não gosto que inventem, que falem mentiras. Mas o que eu gosto conta? Não, né? Então eu simplesmente deixo rolar. Quer falar? Fala. Quer criticar? Critica. Mas primeiro, por favor, me conheça. Não quer? Ótimo. Eu não faço a menor questão. Entendam: quem quiser criar uma imagem tua e falar, vai falar. Não adianta fazer um escarcéu do caramba. É difícil manter a postura e o equilíbrio. Ô, se é! Eu tento. Terapia? Não. Já fiz. Já me dei alta. Meus problemas? Resolvo. Mato no peito. Entrego pro ar que entra pela janela nesse momento. Terapia? Não. Por quê? Se eu resolver tudo que está pendente vou pirar. E talvez, talvez, talvez...talvez eu perca esse meu lado que pensa e sente e sonha e cria e imagina. Talvez perca o que me inspira. Posso até perder o equilíbrio e tudo mais, mas não posso perder o meu resto.
Sobre o blog
Clarissa Corrêa
Clarissa Corrêa é escritora e redatora publicitária.
É autora dos livros Um pouco do resto, O amor é poá, Para todos os amores errados e Um pouco além do resto.
Já foi colunista do site da Revista Tpm, do Vila Mulher e do Donna.
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