Creio que todos já ouviram essa frase, inclusive muitos podem já tê-la dito uma, duas, trezentas e quarenta e oito vezes. Mas vou contar a verdade: minha vida é mesmo um livro aberto. Vocês pensaram que eu ia dizer outra coisa? Não, não possuo um passado negro, vergonhoso, sórdido, nem tenho nada tatuado que possa me envergonhar, meu livrinho pode permanecer em cima do sofá aberto, sem problemas. Se vocês olharem bem, verão a verdade ali: livro aberto na página 24, algumas folhas rasgadas, outras grampeadas e umas com liquid paper. Por quê? As que eu rasguei...bem, tenho momentos de raiva. Aquele momentinho nem-eu-me-agüento. Rasguei algumas páginas, perdoem. As que estão grampeadas são as ultra-secretas-e-pessoais. Sou discreta (na medida do possível), não revelo as minhas intimidades por aí. Tem gente que escancara a vida e prefiro guardar comigo (nas memórias, lembranças, recordações) certos sentimentos, acontecimentos e vivências. Liquid paper? É muito lindo dizer “não me arrependo de nada que eu fiz” ou então “faria tudo de novo”. Mentira. Eu me arrependo de pequenas coisas e certas atitudes eu não teria novamente. Me arrependo por agir sem pensar, por muitas vezes não medir as minhas palavras, por ser impulsiva, falar o que surge na cachola, ser pouco tolerante e impaciente. Esses são meus pequenos arrependimentos, pois atitudes assim ou esse tipo de traço de personalidade te acarretam problemas. Meu livro está ali. Meus momentos, vida, pessoas que passaram por mim ou que permanecem comigo, infância, adolescência, amigos, família, amores, deslizes que ficaram lá atrás, projetos dentro e fora da gaveta, estrada que leva ao futuro...toda a vidinha. Dias com cor, sem cor. Não tenho nada pra esconder, mas muito o que preservar.
Sobre o blog
Clarissa Corrêa
Clarissa Corrêa é escritora e redatora publicitária.
É autora dos livros Um pouco do resto, O amor é poá, Para todos os amores errados e Um pouco além do resto.
Já foi colunista do site da Revista Tpm, do Vila Mulher e do Donna.
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