By Clarissa Corrêa | 01:18
A minha cabeça não pára de rodar. Sinto como se estivessem batucando dentro dela. Parece que todos os meus inimigos resolveram me espetar, como aqueles bonequinhos de vudu.
Eu me sinto como alguém que não nasceu. Um feto dentro da barriga da mãe. Está protegido, mas sabe que terá que enfrentar o mundo, cedo ou tarde.
Adoro mentir para mim, essa é a minha maior diversão. Minto, minto, minto tanto que nem fico vermelha. Ruborizada? Jamais. Minto na boa, na cara dura, na raça. Na vontade.
Por favor: alguém me explica porque diabos um ser humano adora se dar chibatadas?
"Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira, mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo..."
Não sei e nunca vou saber tudo, nem passa pela minha cabeça um negócio desses. Mas eu me invento um catatau de desculpas. Finjo que nem ligo.
Mas eu ligo: quero ser bem tratada! Quero poder falar sem ouvir um "ih" ou um "tô sem saco". A conversa é importante, eu diria essencial. Quero falar e você tem que escutar. Eu escuto você. Ajudo. Dou apoio. Tento lhe fazer feliz, do meu jeito, mas eu me esforço. O seu jeito é esse, eu sei. Só que ele me machuca. E o machucado dói. Você podia tentar, só tentar, fazer com que eu não me sentisse assim. É demais para você? Você é ocupado demais para isso? Cansado ao extremo?
Acho que sim. Infelizmente eu sempre fui para você o que você nunca pensou em ser para mim.