Descobri qual é o meu problema. Antes eu tinha a impressão que não era daqui. Que vivia em um mundo distante, além, diferente, sei lá. Hoje eu mudei de idéia: sou daqui sim senhora, sim senhor. Só que os meus desejos e certezas podem ser um pouco confusos. Eu nunca disse que era dona da verdade, certo? Sempre tive uma maluquice desenfreada. Se bem que todas as maluquices são desenfreadas.
Não quero fugir do ponto. Só preciso falar que descobri, ah meu deus, eu descobri. Até que enfim! God, god, good, good. Não quero que você me coma, preciso que você me saboreie. Só isso. Solamente.
Quero que você saboreie todas as minhas partes. Parte doce, amarga, ácida, estragada, gostosa, sem gosto de nada. Quero que você queira tudo. Me queira por completo. O conjunto. Não quero que você me pegue devagar, quero que você me engula. Coloque tudo na boca, faça movimentos com a língua, deslize cada centímetro de mim em você-você em mim-whatever. Quero que você sinta cada parte quente, fria, gelada, congelando, pelando, queimando, torrando. Quero que você não tenha medo de me atacar, procurar, tocar, pegar, retocar. Quero que você me sinta, repita, pressinta, adivinhe, considere, ame, se jogue.
Quero que você seja original e coloque pétalas de rosas em cima da cama. Quero que você seja antigo e repetitivo e diga palavras que são batidas e novas e diferentes e repetidas. Quero que você seja romântico e beije a minha mão e beije meu pé e beije meu nariz e beije minha boca e beije cada pedaço sedento do meu corpo. Quero que você seja sedento. Não só de mim.
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Do meu amor também. Quem sabe não é você? Quem sabe não sou eu?
...
Quem sabe não somos nós?
Quem sabe?
Você?
...
