By Clarissa Corrêa | 00:38
Olhei sua foto e comecei a chorar. Não aquele choro de soluço, eram lágrimas quentes que brotavam em meus olhos e desciam pelo meu rosto, procurando a chegada. A chegada do fim, o lugar em que elas iriam repousar, morrer e constituir uma união. Elas precisam de aconchego. Lágrimas não gostam de solidão. Precisam saber que podem parar em algum lugar, dar a mão pra outra e pra outra e pra outra que ta vindo ali, oh.
Sinto tanto a sua falta! Eu não estava feliz, estava sofrendo e tudo me doendo e eu estava sem saída, parecia que ficava naquelas portas giratórias rodando rodando eternamente. Quis parar. Estava me enjoando. E agora eu tô morrendo de saudade de você e louca de vontade de beijar a sua boca pra sempre. Acordar e dormir e viver beijando você. E dizendo pra você que você é tudo que eu queria, mesmo você sendo tudo que eu odeio de vez em quando e mesmo você me machucando e fingindo que nem vê.
Mesmo triste e com mágoa na bolsa eu ficava feliz por ter você. Por saber que você, de alguma forma, me pertencia. Só que fiquei sem as suas partes, sem os seus retalhos, sem nada seu, nenhum bilhete, notícia, telefonema. Nem mesmo a lembrança de uma gargalhada sua. Nada. Hoje nem o nada ta aqui do meu lado, só a sua foto. Essa foto em que você sorri, olha de ladinho, olha apertadinho, olha bonitinho. Essa foto que eu olho agora e sinto que vou chorar de novo, engulo o choro, meu nariz aperta, o coração desmancha, a boca treme e dá uma vontade de chorar muito e muito e mais um pouco e ir na sua casa e dizer pra você esquecer tudo. Esquecer tudo que eu disse e lembrar que eu só quero você. Pra toda a vida. E eu não posso fazer isso. Não posso porque eu já tô chorando que nem recém-nascido agora, rímel está borrado, lágrima ta preta, olho vai ficar inchado. Não posso porque você não pode me ver assim.
Você tem que me ver bonita. É. E sorrindo. E feliz. E é assim que eu vou ficar. Isso é fase, fase passa, todo mundo sabe.
A fase vai passar quando a gente se encontrar. Vou lavar o rosto e, de repente, apareço por aí. Assim, como quem não quer nada.
(...)
O amor faz a gente não ter palavra. Faz a gente não cumprir promessa.
Ainda bem que o amor não é negócio: eu estaria falida e endividada.