A saudade é praga. Fujo dela e ela me pega.
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Tentei pensar em um jeito bonito de dizer isso, mas não dá: algumas coisas soam estranhas mesmo. Não entendo a agonia que uma saudade dá. Então criei uma frase: existem dias que são noites. Noites têm lua. Às vezes têm chuva. Às vezes o céu fica nublado. O certo é que uma noite demora pra passar. Quem tem insônia sabe disso. Quem já esteve apaixonado sonhando acordado sem pregar o olho pensando no amado sabe disso. Não coloquei vírgulas de propósito: leia essa frase e sinta o impacto que ela causa. Pensar no ser amado é gratificante, agoniante, alucinante, desgastante. O amor tem disso: é conflito, é confusão, é dúvida, é incerteza. O amor não é certo. Ele deixa a gente numa corda bamba que balança muito a cada pequeno passo. Medo.
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A noite é longa pra quem perde. Pra quem pensa. Pra quem não dorme. Pra quem sente saudade. A noite é comprida, é silêncio, devasta. Livro não anda. Filme não termina. Pensamento anda a passo lento.
Azedo e docinho. Bom e ruim. Dia e noite. Amor e paixão. Linha e ponto. Sossego e reflexão. O fato é que algumas coisas são boas e ruins. De tão ruim chega a ser bom. De tão bom chega a ser ruim. Amor é assim. Saudade também. Noites são dias. Dias são noites...