Paciência, paciência. Você é extremamente impaciente, apressado, acha perda de tempo pensar demais, esconder demais, ter pudor demais. Simplesmente não se conforma com quem fala devagar, anda devagar, sente devagar. Há quem diga que a vida é curta. Você concorda.
Odeio lentidão, posso até estar parada, mas meu pensamento está sempre acelerado. Só que em algum ponto que eu nem sei direito me perdi. Não sublinhei direito linhas importantes e decidi fazer respiração boca a boca no não dito. Desengavetei as palavras e joguei tudo em um canto empoeirado do quarto. O correto seria tirar o pó e depois organizar tudo por cores, mas eu sou nervosinha, você sabe. Tirei tudo que estava guardado - e quase mofado - e separei o que prestava e o que já saiu de moda. Tinha uma coisa amarelada pelo tempo, um cheiro estranho de naftalina, mas lavei pra ver como ficava. Me dei conta que essa "coisa" era o meu sentimento por você, tem jeito ainda? Não sei se você cabe nessas roupas, nem sei se aceita guardar as minhas palavras. O não dito faz sentido depois de falado ou o silêncio não vai me perdoar?
De vez em quando o que eu digo me trai. Assim como muitas vezes o que você deixa de dizer me faz chorar abraçada em um travesseiro qualquer.