"A sensualidade é a mobilização máxima dos sentidos: um indivíduo observa o parceiro intensamente, procurando captar os seus menores ruídos." (A insustentável leveza do ser, Milan Kundera, p. 60)
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"Era em termos de seu pudor que calculava o preço de seu corpo. Se é despudorada agora, ela o é radicalmente: com esse despudor, passa um risco solene sobre a vida e grita bem alto que a juventude e a beleza, que ela superestimara, não têm na realidade nenhum valor." (p. 52)
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"A volúpia que o invade exige escuridão. Essa escuridão é pura, absoluta, sem imagens nem visões, essa escuridão não tem fim nem fronteiras, essa escuridão é o infinito que cada um de nós traz dentro de si. (Sim, se alguém procura o infinito, basta fechar os olhos!)" (p.100)
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"...longos momentos diante do espelho olhando seu corpo e tentando perceber sua alma na transparência...
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Sem dúvida ela também acreditava bobamente que seu corpo era o escudo de sua alma." (p.141)
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"O que é o flerte? Pode-se dizer que é um comportamento sexual que deve dar a entender que uma aproximação sexual é possível, sem que essa eventualidade possa ser entendida como uma certeza." (p.145)
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"Se ela tivesse dito sim em voz alta, se tivesse aceitado participar de boa vontade nessa cena de amor, a excitação desapareceria. O que excita a alma é justamente ser traída pelo corpo que age contra a sua vontade, e assistir essa traição. Depois, ele lhe tirou a calcinha; agora estava completamente nua. A alma via o corpo nu entre os braços do desconhecido, e esse espetáculo lhe parecia inacreditável, era como se estivesse vendo de perto o planeta Marte." (p. 158)
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"...é mais ou menos assim o instante em que nasce o amor: a mulher não resiste à voz que chama sua alma amedrontada, o homem não resiste à mulher cuja alma se torna atenta à sua voz." (p. 162)