Você já sabe que eu sofro da Síndrome de Cinderela, por isso, em uma noite mágica, com estrelas mágicas, flores mágicas e cheiro mágico eu encontraria um príncipe mágico e, a partir daí, acontecimentos mágicos surgiriam. O desfecho? Uma casa mágica, um grande e único amor mágico, filhos mágicos, cachorros mágicos e um jardim de inverno mágico. Agora você aperta no pause e vamos colocar a magia para fora da sacola.
Quem traz consigo ideais patologicamente românticos dificilmente se desfaz de doses cavalares de ilusão. Quando você conhece alguém tudo é encantamento, inclusive os defeitinhos mais ordinários. Com a convivência e o passar do tempo a pessoa se mostra exatamente como é, você é que não acredita - ou prefere não ver. Ignorar é mais fácil, pois você quer se manter apaixonada. Por quê? Simples, você quer ser feliz. Seu trabalho vai bem, sua família idem e seus amigos mais ainda, só que você carrega dentro de si todas aquelas cenas que incluem Rapunzel jogando as tranças, Cinderela perdendo o sapatinho na escadaria, Bela Adormecida acordando após um beijo do príncipe. E você adora grandes histórias de amores impossíveis, à la “Romeu e Julieta”. Ou amores complicados como o de Scarlet O’Hara e Clark Gable, em “E o vento levou”. É sonhadora como Audrey Hepburn, em “Sabrina”. E pode se tornar obsessiva como Isabelle Adjani, em “L’Histoire d’Adèle H”. Na verdade, não importa o seu papel ou o modelito do seu personagem: você está apaixonada pela idéia de se apaixonar. Existe algo mais complexo do que isso? Vem cá, eu me apaixonei ou preciso muito dessa paixão por me apaixonar?
Quando comecei a me envolver com você tudo parecia tão perfeito e eu me enchia de desculpas para a sua falta de jeito. A atenção, o cuidado e o amor que você oferecia eram extremamente econômicos, eu diria que você era um pão duro no quesito sentimento. Eu tentava te mostrar o meu lado, você me devolvia com verdades - aquelas que eu fingia não ver. Então eu só adiava o seu final. Sabia que tinha que encerrar um romance que só eu escrevi, participei e fui a protagonista. Auto-romance, conhece esse termo? É um romance vivido por você e você. Ou por você e alguém que você imaginou, um dia, existir. A culpa nem foi sua, o que você tem a ver com os meus problemas? Nada, você nunca se ofereceu pra participar ativamente deles, o que eu pretendia? Pretendia manter a sua imagem, aquela que eu criei e que alimentava dia após dia. Nós brigamos, terminamos, reatamos, terminamos novamente, voltamos mais uma vez. E ficou um joguinho de mentiras, de intrigas, de coisas entaladas, de mágoas expostas, de fraturas eternas.
Desde o começo você me dizia quem era. Desde o princípio eu te fiz do meu jeito. Cada passo em falso se transformava em lágrimas e dores emocionais. E eu não me dava conta que tudo isso era provocado por mim. Você sempre foi transparente, mas eu queria te colorir. Insistia em pegar um lápis de cor e te pintar. Pincel e tinta, você fica como eu quero. Fomos egoístas, você com a sua fuga e medo de sofrer e eu com minha listinha de pré-requisitos-românticos.
Quis tanto uma história perfeita que acabei não fazendo o seguinte raciocínio lógico: se as pessoas falham e estão muito longe da perfeição como é que as histórias vão ser perfeitamente mágicas e sem erros? Por buscar alguém que trouxesse o meu sapatinho acabei com os dois pés no asfalto quente. O que me deixa realmente pensativa é se gostei, pelo menos um pouco, do você-real. O você-inventado foi um grande amor, pode estar certo disso.
Por fim, se deus quiser um dia eu perco a mania de inventar histórias de amor.
Quem traz consigo ideais patologicamente românticos dificilmente se desfaz de doses cavalares de ilusão. Quando você conhece alguém tudo é encantamento, inclusive os defeitinhos mais ordinários. Com a convivência e o passar do tempo a pessoa se mostra exatamente como é, você é que não acredita - ou prefere não ver. Ignorar é mais fácil, pois você quer se manter apaixonada. Por quê? Simples, você quer ser feliz. Seu trabalho vai bem, sua família idem e seus amigos mais ainda, só que você carrega dentro de si todas aquelas cenas que incluem Rapunzel jogando as tranças, Cinderela perdendo o sapatinho na escadaria, Bela Adormecida acordando após um beijo do príncipe. E você adora grandes histórias de amores impossíveis, à la “Romeu e Julieta”. Ou amores complicados como o de Scarlet O’Hara e Clark Gable, em “E o vento levou”. É sonhadora como Audrey Hepburn, em “Sabrina”. E pode se tornar obsessiva como Isabelle Adjani, em “L’Histoire d’Adèle H”. Na verdade, não importa o seu papel ou o modelito do seu personagem: você está apaixonada pela idéia de se apaixonar. Existe algo mais complexo do que isso? Vem cá, eu me apaixonei ou preciso muito dessa paixão por me apaixonar?
Quando comecei a me envolver com você tudo parecia tão perfeito e eu me enchia de desculpas para a sua falta de jeito. A atenção, o cuidado e o amor que você oferecia eram extremamente econômicos, eu diria que você era um pão duro no quesito sentimento. Eu tentava te mostrar o meu lado, você me devolvia com verdades - aquelas que eu fingia não ver. Então eu só adiava o seu final. Sabia que tinha que encerrar um romance que só eu escrevi, participei e fui a protagonista. Auto-romance, conhece esse termo? É um romance vivido por você e você. Ou por você e alguém que você imaginou, um dia, existir. A culpa nem foi sua, o que você tem a ver com os meus problemas? Nada, você nunca se ofereceu pra participar ativamente deles, o que eu pretendia? Pretendia manter a sua imagem, aquela que eu criei e que alimentava dia após dia. Nós brigamos, terminamos, reatamos, terminamos novamente, voltamos mais uma vez. E ficou um joguinho de mentiras, de intrigas, de coisas entaladas, de mágoas expostas, de fraturas eternas.
Desde o começo você me dizia quem era. Desde o princípio eu te fiz do meu jeito. Cada passo em falso se transformava em lágrimas e dores emocionais. E eu não me dava conta que tudo isso era provocado por mim. Você sempre foi transparente, mas eu queria te colorir. Insistia em pegar um lápis de cor e te pintar. Pincel e tinta, você fica como eu quero. Fomos egoístas, você com a sua fuga e medo de sofrer e eu com minha listinha de pré-requisitos-românticos.
Quis tanto uma história perfeita que acabei não fazendo o seguinte raciocínio lógico: se as pessoas falham e estão muito longe da perfeição como é que as histórias vão ser perfeitamente mágicas e sem erros? Por buscar alguém que trouxesse o meu sapatinho acabei com os dois pés no asfalto quente. O que me deixa realmente pensativa é se gostei, pelo menos um pouco, do você-real. O você-inventado foi um grande amor, pode estar certo disso.
Por fim, se deus quiser um dia eu perco a mania de inventar histórias de amor.