Você nunca sabe ao certo em que momento o amor surge, afinal ele não sabe mandar recado. O certo é que em algum instante - cedo, tarde, demorado, longo, em seguida, curto, logo, devagar, rápido - você sente a presença dele em coisas aparentemente insignificantes, mas que viram motivos, razões, causas, efeitos, manifestações, sentidos. Na verdade o amor é uma imensidão da alma, você passa a se amar mais e aprende a se doar. É quando você lava o rosto e tira o medo, lava o corpo e renova a energia.
Então eu parei pra pensar o porquê - ou os porquês - do meu amor. São muitos, infinitos, inacabados, intocáveis, inexplicáveis, irreversíveis. São meus, são seus, são nossos.
Te amo mais a cada hora em que vejo o quanto você me faz sorrir;
A cada dia em que nos abraçamos apertado de forma com que os nossos silêncios sejam ouvidos e nossas inquietações adormeçam;
A cada besteira criativa que falamos;
A cada coisa bonita que você me escreve e que deixa o meu dia mais bonito e a minha vida mais bonita e o mundo mais bonito e tudo muito bonito;
A cada vez em que o seu olho fica brilhante brilhante que nem estrela no céu;
A cada vez em que esfrego minha bochecha na sua barba;
A cada vez que você me olha sorrindo;
A cada beijo que você me dá na testa e na bochecha e no nariz e na mão e na boca e no pescoço e...
A cada ronco esquisito seu;
A cada funga-funga no nariz;
A cada coisinha que vira coisona - e que são só nossas - e todas essas coisinhas coisonas que se tornam tão nossas ficamos relembrando como se estivéssemos juntos há vinte e três anos;
A cada coisa não tão coisa que nem precisamos falar porque o outro já entendeu;
Te amo mais a cada respiração e piscada de olhos que você dá, pois cada segundo e cada momento meu são transformados em felicidade instantânea;
A cada vez que a gente tá parado, no meio do silêncio, junto, mudo, de olho colado;
A cada vez que eu vejo que os seus cílios compridos são mais compridos do que eu pensava e muito mais belos que os meus - por mais que eu me esforce e passe curvex e rímel-propaganda-fajuta-que-promete-alongar-e-dar-volume-e-não-faz-é-nada;
A cada sacudida de perna irritante sua;
A cada coisa bonita e boa que eu descubro em você e a cada coisa não tão bonita e não tão boa que você me mostra ;
A cada vez que sou feita de bateria imaginária;
A cada vez que eu percebo que eu tinha uma felicidade morna. Que não tinha nem dimensão do quanto uma pessoa podia me fazer tão feliz assim. A cada instante em que me dou conta do quão bom e reconfortante é estar tranqüila, em paz e colorida;
A cada vez que eu fico pendurada em você e/ou cochilo em seu peito - e quando abro os olhos encontro aquele par de olhos verdes pequenos brilhantes sempre atentos alertas vivos inteiros presentes;
E, principalmente, te amo mais quando eu vejo e revejo que realmente algumas coisas acontecem quando estamos distraídos. Sempre me falaram que quando é pra acontecer, acontece, e eu sempre desconfiei.
Gosto da nossa não-necessidade-de-mostrar-os-melhores-lados. Ninguém tem só lado repleto de belezas. Nós não nos escondemos, nos mostramos.
Te amo mais, também, porque você cuida dos meus medos e dá susto neles e me ajuda a mandá-los embora e porque você faz uma força pra me entender e porque você é você e isso pra mim é muito mais do que importante, é essencial.
Te amo mais ainda porque não ficamos regando aquelas coisas chatas, estressantes e bestas que acontecem nos relacionamentos. Nós conversamos sobre, nos entendemos e depois tudo acaba virando piada. Não deixamos silêncios virarem mágoas ou rancores idiotas.
Se o nosso encontro não tivesse ocorrido eu não me importaria por te procurar durante anos ou, quem sabe, até o fim da vida - ou de muitas outras (se é que elas realmente existem). Não, não são palavras tolas de gente apaixonada. São palavras apaixonadas - de gente tola?- que vêm de dentro. E o que tem dentro você sabe. Sei que sim.