Até que ponto vale a pena?

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Você já deve estar careca de ouvir a frase “sou brasileiro, não desisto nunca”. Pois bem, não desiste exatamente do quê? De furar fila? De ser impaciente no trânsito? De votar errado? De fingir que não vê aumentar o número de assaltos, roubos e seqüestros? De fechar os olhos para a grande zona que virou o nosso país?

É inacreditável o número de pessoas que morrem em acidentes de trânsito nos finais de ano e grandes feriados. No Natal já foi uma tragédia, no Reveillon talvez seja pior e no Carnaval não quero nem pensar! Os motoristas desrespeitam as leis de trânsito, abusam da velocidade, ingerem bebidas alcoólicas (afinal, é festa!!) e o resultado? Abra o jornal, ligue a televisão e você verá.A Espanha era o país da Europa que tinha o maior índice de mortes nas estradas. O que eles fizeram? Rigor nas leis. Fiscalização. Funcionou? Sim. Reduziu em mais de 50 % o problema. Aqui funcionaria? Só se doesse no bolso.

Tenho visto milhares de campanhas no estilo “se for beber não dirija”. Vamos orientar os jovens! Não pode consumir bebida alcoólica em postos de gasolina! Não pode consumir, mas pode comprar. E daí? Você compra, abre a latinha de cerveja e entra no carro bebendo. Muito fácil. Esse tipo de medida não funciona. Tem que ser radical.

Não sou a favor de campanhas de conscientização, sabe por quê? O que você faz com aqueles panfletos que entregam nos semáforos? Passa rapidamente os olhos, amassa e coloca no lixinho do carro, certo? Ou então deixa em cima do banco, nunca se sabe quando será preciso uma folhinha pra anotar alguma coisa... Absorve a informação? Nem sempre. Mas essas campanhas tratam de preservação de vidas, logo tudo deveria ser absorvido e assimilado. Tem que ter dureza. Excesso de velocidade? Multa gorda. Dirigindo bêbado? Cadeia. Xadrez. Xilindró. Vai ver o sol nascer quadrado 4825 horas pra aprender.

O grande problema é que no nosso Brasil existe uma máfia. Se, por ventura, o filho do amigo do querido presidente tomar uma cachaça a mais é lógico que ele não vai ficar dois dias atrás das grades. Todo mundo tem o amigo do amigo do amigo que é influente e pode livrar a cara. Você terá as costas quentes e agirá como bem entender.

Talvez o cadeião não seja a melhor alternativa, mas insisto que tem que doer no bolso. Sem campanha, com multa. Multas absurdas, exageradas. Pagamento à vista, em cash. Aí eu quero ver...



* texto de 30 de dezembro de 2007.

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