Sou uma curiosa, observo demais as pessoas e as suas reações, deve ter sido por isso que resolvi – por conta mais do que própria – fazer uma intensa pesquisa que engloba as diferentes características masculinas e femininas. Nós, quando estamos estressadas, falamos mais alto, nossa voz tende a ficar mais esganiçada e irritante, lembrando aqueles adolescentes que estão mudando a voz e vez ou outra apresentam “falsetes”. Homens estressados, em geral, se calam. Fecham a cara, o que foi, o que houve? Nada, nada. Nunca é nada. E, para mim (nós?), nada é sempre alguma coisa.
Os homens nem sempre são muy amigos de homens, pois apesar de dizerem que sentimos inveja - e que ficamos o tempo inteiro no meio de uma disputa para ver quem é a mais mais e vai sacudir e abalar - acho que nós somos amigas para todas as horas, além de sermos mais carinhosas. Os homens, ainda hoje, têm aquela vergonha de abraçar o amigo, chorar no ombro ou mesmo fazer um cafuné. Que boiola!, irão dizer. Amizade também é dar colo, amparo, mexer no cabelo, oferecer um conforto, tomar birita, rir até a barriga ficar doendo, gritar um "eu te amo" bem brega no meio da rua, falar "me ajuda", dizer o que há para ser dito. Amigo mesmo é quem sabe o que existe por trás do que você quis dizer. Os homens não precisam ter vergonha de fazer o colo do amigo de divã. Isso não é ser bichinha. E, para quem gosta do mesmo sexo, o que tem de mais? Tudo bem, não sou tão cabeça aberta, algumas coisas ainda me chocam, mas acho que se as pessoas são discretas, tudo é válido. O que eu não gosto é da tribo-sem-noção. Se você gosta de homem, bom para você. Se você gosta de mulher, bom para você. Mas respeite a preferência sexual de cada um e, também, quem está ao redor. Não é nada lindo ver um casal (heterossexual ou não) se amassando no meio da rua, existem lugares para isso.
Voltando ao foco da questão: mulheres não sabem encerrar assunto, já perceberam? Minha pesquisa revela que gostamos de debater detalhes quase inexistentes. Um exemplo clássico: o cara te dá um presente sem data especial ou motivo aparente. Para você, meu amor. Obrigada. É aí que o assunto deve ser encerrado. Nunca é assim. Hum, o que será que ele andou fazendo?, é o que pensamos. Ele pode ser um santo, pode nos amar escandalosamente, mas ficaremos desconfiadas de gentilezas assim, vindas sabe-se lá de onde. Começa, então, o interrogatório. O que te deu? O que você andou fazendo? Qual o motivo do mimo? Tá querendo alguma coisa, né? Aprontou alguma, hein? Não podemos ficar simplesmente quietas e agradecidas, sempre temos uma pergunta para fazer. E eles sempre um motivo para nos encher. Passa um cara e fica olhando para você. O que esse filho da mãe estava te olhando? Você faz aquela cara de anja e diz que não sabe, afinal, que culpa você tem de ser linda e chamar a atenção? Ele devia ficar feliz por ter ao lado uma mulher charmosa como você. Mas não. O ciumento rebelde faz a maior cena, pergunta se você conhece o cara, da onde conhece, diz que deve ser algum ex seu e blá blá blá. Você fica irritada e preocupada com tanta insegurança até que lá pelas tantas ele, sem ter mais argumentos na cartola, dispara: a culpa é do tamanho do seu vestido. Quem mandou sair assim na rua? É por isso que todo mundo fica olhando! Pois bem, vocês se conheceram assim e o vestido - supostamente curto - ele amava. O tiozão ficou lá babando e agora o modelito virou coisa de funcionária da calçada, que meigo, as pessoas mudam, não? Se não tá rolando satisfação, adiós. Não tente mudar o jeito do outro, pois você provavelmente acabará sem mudança, sem o outro. E sem jeito.
Relações não são fáceis e, para completar, as diferenças são realmente gigantescas. Dia desses mandei e-mail para um sujeito alegando que não gostava de deixar nenhum assunto pendente, por isso estava escrevendo. É, eu gosto de tudo claro e sincero. Fiquei realmente preocupada com o “assunto”, por isso escrevi, ora bolas! Mas eu tenho uma certeza. Ele deve ter lido e pensado nossa, que maluca essa mulher, da onde ela desembestou essa idéia? Que assunto?
É aquele. Aquele que nós não sabemos encerrar.
* escrito em 20 de março de 2008.