Tem gente que ama se apaixonar. Tem gente que ama por amar. Tem gente que ama lá do fundo da alma. Tem gente que pensa que ama. Tem gente que desama. Tem gente que não acredita mais em príncipes, princesas e contos. Na verdade, tem gente pra tudo. Dizem que no amor e na guerra tudo vale. Será?
Você não foi feliz uma, duas, três vezes. Desiste de procurar aquele grande amor. Decide riscar esse palavrão da sua vida. Amar, pra quê? Chega, não quero mais. Amar é para os tolos, fracos, estúpidos. Você se fecha pra balanço, se aposenta, pede demissão. Resolve viver só. Por um tempo é legal, por uns meses é até saudável aproveitar a tal fossa-pós-amor-que-não-deu-certo, mas não é bom rotular todos os supostos pretendentes, eles não podem levar a culpa pelo que saiu fora do roteiro. Homens são todos iguais, mulheres são todas iguais, odeio quem acha tudo igual. As histórias são diferentes, as pessoas mudam, amadurecem, evoluem. Evolua também no pensamento. Não deu certo? Nem sempre dá, mas uma hora acontece, acredite.
Como aquela vizinha pode ter uma vida tão boa se ela é feia? Como aquele cara mau caráter pode ter subido depressa na vida? Não entre nessa, não vista a touca de vítima infelizona, não compare a sua vida com a do colega de trás. As pessoas entram nas nossas vidas em momentos indefinidos. Nunca saberemos os motivos, mas sempre sentiremos. Quando alguém fizer o seu coração bater rápido e devagar e ficar feliz e disparar feito louco e ao mesmo tempo ficar quieto e calmo e sereno, é o amor. A paixão só dispara. O amor é uma espécie de calmante. Dá frio na barriga, mas aquece o corpo inteiro, é aconchego.
Não dá pra desistir, nem se amargurar. O amor não tem culpa, assim como os casais felizes. Quem levou um pé na bunda há pouco tempo deve odiar as propagandas na televisão, deve fechar os olhos na noite do dia doze, afinal, todos os casais enamorados estarão distribuindo carinhos, abraços, beijos e juras de amor, quem sabe, eterno. Quem está sofrendo veste o recalque amargurado, o que só acaba por aumentar a sensação de solidão e infelicidade.
Um dia, há muito tempo atrás, eu fui assim. Na semana do dia dos namorados nem ligava a televisão. No dia doze de junho me enfiei em casa e nem com reza forte coloquei o nariz pra fora. São fases. O bom é que elas passam. Você ri do passado e se pergunta por qual motivo agiu feito criancinha boba. Eu sei, sei bem que são incontáveis os motivos. Desilusões deixam o coração enrugado. Mas eu sei que você pode achar um creme para atenuar as linhas de expressão, todo mundo acha, é só estar de peito aberto. É só querer, de verdade, se dar uma chance.
Muitas coisas a gente protela, muitas desculpas a gente se dá. No dia doze vamos nos desculpar por tudo o que não deu certo, por todas as nossas fraquezas, pelos amores não correspondidos, pelos esconderijos em corpos de uma noite, pelos beijos sem tesão, pela fome guardada nas paredes emocionais.
Quem tem um amor honesto, feliz dia. Quem ainda não achou um colo para repousar após os dias cheios, calma. Primeiro se desculpe, se livre de mágoas, dê uma trégua, tire as teias de aranha do coração, abra as janelas e deixe o cheiro a mofo sair de dentro. Depois? Bem, depois você verá o que a renovação faz com quem resolve apostar ser feliz.
Tim-tim!
* texto escrito em 12 de junho de 2008.