"Será que, à medida que você vai vivendo, andando, viajando, vai ficando cada vez mais estrangeiro? Deve haver um porto." (Caio Fernando Abreu)
Fiquei pensando nas coisas. Sei que isso já soa batido, não entendo quem não pensa. Penso tanto que dói. Amo tanto que dói. Sinto tanto que dói. Antes que você pense que sou uma dor ambulante eu revelo que minha intensidade tem sono leve, acorda com qualquer barulhinho. Por isso, tanto querer e viver em uma pessoa só. E eu pensei.
Estou na praia há uma semana. Acordo e enxergo o mar, o céu é diferente aqui, respiro outro ar. Me sinto de férias, não que eu quisesse tirar férias, mas estou sem trabalhar, que estranho dizer isso, mas estou sem trabalhar e isso está me agoniando, uma aflição sem fim, espécie de urticária interna. Meu único irmão mora na Europa junto com meu único sobrinho. Ele é lindo, pequeno e tem cara de sapeca. Então, eles vieram para ficar pouco tempo e eu vim pra passar esse pouco tempo junto. Família reunida é bom, estar aqui é bom também e eu quase esqueci o jeito que essa praia tem. Já passei alguns bons momentos aqui, quase esqueci disso também. Por que a gente vai crescendo e esquecendo pequenas coisas? Não entendo, era pra acumular tudo dentro da Caixinha de Memórias. Acho que a minha precisa de uma bela limpeza pra sobrar lugar para o que importa realmente.
Aqui é tão diferente. As pessoas não usam cinto de segurança. Dormem com a janela aberta. Não trancam as portas. Só tem caixa eletrônico do Banco do Brasil na outra praia, aqui os "ladrões levaram o caixa". Entende isso? Os ladrões levaram o caixa e mesmo assim as pessoas dormem de janela aberta. Na primeira noite, fiquei receosa. Como assim? Eu, acostumada com grades, alarmes, guardas, vigilantes noturnos, cachorros, segurança máxima, fecho até os vidros. Não caminho na rua depois das 19 horas, eu que adoro andar depois que escurece.
A vida é mais simples. As pessoas são mais simples. Todo mundo percebe que não sou daqui: branca, sardenta e com sotaque de gente que "mora fora". É engraçado. Me sinto tão de casa e tão de longe. Sei que minha casa não é aqui, é um universo diferente do meu. Ao mesmo tempo, uma sensação de liberdade que poucos lugares trazem. E eu pensando: onde anda o meu porto?
Fiquei pensando nas coisas. Sei que isso já soa batido, não entendo quem não pensa. Penso tanto que dói. Amo tanto que dói. Sinto tanto que dói. Antes que você pense que sou uma dor ambulante eu revelo que minha intensidade tem sono leve, acorda com qualquer barulhinho. Por isso, tanto querer e viver em uma pessoa só. E eu pensei.
Estou na praia há uma semana. Acordo e enxergo o mar, o céu é diferente aqui, respiro outro ar. Me sinto de férias, não que eu quisesse tirar férias, mas estou sem trabalhar, que estranho dizer isso, mas estou sem trabalhar e isso está me agoniando, uma aflição sem fim, espécie de urticária interna. Meu único irmão mora na Europa junto com meu único sobrinho. Ele é lindo, pequeno e tem cara de sapeca. Então, eles vieram para ficar pouco tempo e eu vim pra passar esse pouco tempo junto. Família reunida é bom, estar aqui é bom também e eu quase esqueci o jeito que essa praia tem. Já passei alguns bons momentos aqui, quase esqueci disso também. Por que a gente vai crescendo e esquecendo pequenas coisas? Não entendo, era pra acumular tudo dentro da Caixinha de Memórias. Acho que a minha precisa de uma bela limpeza pra sobrar lugar para o que importa realmente.
Aqui é tão diferente. As pessoas não usam cinto de segurança. Dormem com a janela aberta. Não trancam as portas. Só tem caixa eletrônico do Banco do Brasil na outra praia, aqui os "ladrões levaram o caixa". Entende isso? Os ladrões levaram o caixa e mesmo assim as pessoas dormem de janela aberta. Na primeira noite, fiquei receosa. Como assim? Eu, acostumada com grades, alarmes, guardas, vigilantes noturnos, cachorros, segurança máxima, fecho até os vidros. Não caminho na rua depois das 19 horas, eu que adoro andar depois que escurece.
A vida é mais simples. As pessoas são mais simples. Todo mundo percebe que não sou daqui: branca, sardenta e com sotaque de gente que "mora fora". É engraçado. Me sinto tão de casa e tão de longe. Sei que minha casa não é aqui, é um universo diferente do meu. Ao mesmo tempo, uma sensação de liberdade que poucos lugares trazem. E eu pensando: onde anda o meu porto?