Viva a cinturinha!

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Mulher tem que ter cintura. É o que eu acho e ponto. E na cintura não é pra colocar cinto, é pra deixar entrar o jogo. Ouvi muito é-preciso-ter-jogo-de-cintura. Tem tanta coisa que é preciso. O que eu preciso é de paciência. Quando a minha mãe me encomendou pra cegonha, o combinado deve ter sido o seguinte #aqui você imagina um bate-papo informal com direito a chá e biscoito de polvilho entre a dona cegonha e minha mãezinha# olha, ou sua filha será linda ou será paciente. Uma coisa ou outra, você decide. Minha mãe optou pela beleza e eu nasci. Cortaram a paciência junto com o cordão umbilical.


Não fui abençoada com esse dom pacientístico. Não sei esperar. Não gosto de filas. Não gosto de secretárias eletrônicas. Não gosto de político dando discurso. Não gosto de lentidão. Não gosto de gente que dá muita explicação pra coisas rápidas. Não gosto. Não.


Muitas vezes, respiro fundo. Uma, duas, três vezes. Recomeço. Invoco alguma entidade zen, um monge budista ou algo assim porque sim, eu preciso de socorro, de um ombro amigo, de uma força divina pra encarar alguns momentos sem perder a lucidez. A impaciência me faz virar bicho. Balanço o pezinho, mexo na corrente, no brinco, vejo muitas vezes que horas são, esqueço, por isso vejo de novo e assim fica um ciclo sem fim e meu coração acelera e penso vou-morrer-agora. Suspiro, canto, olho pela janela, pro céu, busco algum ponto paciente no espaço. Nada. Daí explodo, respondo de um jeito cretino, me arrependo, me sinto uma vaca, bruxa, mula, estúpida, grosseira dos infernos. Fico quieta. Tento achar a paciência dentro do saco de lixo, nada.


Entendo que não se pode perder o rebolado. Eu tenho o meu - e rebolo bem. Mas rebolar todo o dia, de graça, cansa. Então, decidi: vou malhar feito condenada até ficar com a bunda da Nicole Bahls. Assim, pelo menos ganho uns trocados.


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