Eu não aguento mais. Sério, chega um ponto em que a gente simplesmente não aguenta. É gente enchendo o saco de tudo que é lado, é a minha conta que tá sempre pedindo esmola, é minha unha do dedão do pé que quebrou bem na metade e tá feia e doendo, é minha nuca que coça sem parar, é o raio da dermatologista dizendo que o que eu tenho é dermatite e por isso tenho que usar um shampoo com cheiro horrível e uma pomada que deixa o cabelo gosmento. É a TPM que veio a mil, quando emendo uma cartela de Yasmin na outra é isso que acontece, ela vem a mil, minha vida vira do avesso, fico toda errada, viro minha inimiga número um, começo a odiar tudo e todos. Só eu sou assim ou você também fica descontrolada naqueles dias?
Meu guarda-roupa está uma loucura. Não acho nada lá dentro. Sei que tenho que tirar tudo, ter paciência e organizar direitinho, mas quem disse que ando com vontade? Ando com vontade zero para as coisas, um pouco cansada de tanto trabalho, pouco dinheiro, tanta vontade de fazer as coisas darem certo e pouco reconhecimento. Às vezes me pergunto se fiz mesmo a coisa certa. Se não era mais fácil ter me formado em Direito, ter feito concurso, ganhar uma banana e trabalhar só quando quero. Vida de publicitário não é mole, não. A gente tem horário para chegar na agência. E só saímos quando Deus quer ou quando a campanha fica pronta.
Meu livro infantil continua esperando uma editora. Meu outro projeto já, já deve ficar pronto, o que me deixa um pouco mais quase feliz. Ontem tive uma ideia de gênia, de gênia mesmo e estou louca para colocar em prática. Tomara que tudo dê certo. Ai, na verdade as coisas pra mim dão certo, sim. Sou uma sortuda, a vida bateu palmas pra mim e disse vai. Mas de vez em quando surge aquela nuvem preta que fica perseguindo o Cascão, sabe? Daí fica tudo detonado de novo.
Ando de saco cheio de gente que não respeita o meu trabalho. Gente que fica puta quando cobro créditos. Gente que copia e cola. Gente que não te dá a mínima, diz que te adora e vai lá, copia teu texto, coloca em blog, Twitter, Facebook e Orkut sem aspas, sem nome do autor, sem nada. Acho desrespeito. Acho um desrespeito do caralho. Desculpa o palavrão, mas é. Tudo que eu escrevo mando registrar na Biblioteca Nacional. Copiar e colar por aí sem dar créditos é crime. É errado, é feio, desonesto, é sério, muito sério. Você já parou pra pensar que alguém sentou a bunda numa cadeira e ficou um tempo ali parando pra pensar e fazer alguma coisa decente? A pessoa escreve, depois de ter tido trabalho e você chega como se fosse a coisa mais normal do mundo e toma posse daquilo. É muito desaforo.
Dá vontade de simplesmente encerrar o blog. Não escrever mais aqui. Não ter mais nada meu dando sopa para ficar circulando na internet como se fosse uma coisa sem dono. Dá vontade de simplesmente ser uma escritora que só escreve livros. Dá vontade de o único contato ser esse: livro. E, olha, do jeito que a coisa anda vai ter um livro a cada dois anos, no máximo. E fim, deu, acabou, terminou. Sabe, é desesperador ver o teu trabalho se espalhando como se fosse de ninguém. Ver textos e frases ganhando o mundo com outros nomes, outras caras. Dá vontade de chorar e apertar no botão "excluir blog". Mas não vou fazer isso. Eu gosto daqui. Mas que dá vontade, ah, isso dá.