Pequenos prazeres

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Felicidade, para alguns, é ter muito dinheiro na conta, ser poderoso e famoso, ter uma casa com 10 empregados, amigos bebendo champanhe, pessoas lindas na volta, algum amor inventado. Felicidade, pra mim, é exatamente isso: eu, aqui, sentada na cama escrevendo, a pequena Juno saracoteando pela casa feito um cabritinho, Francisco jogando playstation na sala. Felicidade é ter dormido uma noite inteirinha bem, ter acordado com um beijo de bom dia, ter tomado um café bom, um banho gostoso, ter buscado o almoço no restaurante aqui do lado, olhar pela janela o dia nublado e gostar disso, afinal, é sábado de feriadão e tem coisa mais preguiçosa e boa do que ficar na cama escrevendo, lendo e vendo filmes o dia todinho?

Não pergunte sobre a minha conta, é fim do mês e você sabe, no final do mês parece que o dinheiro adora brincar de esconde-esconde. Gosto de champanhe, gosto dos meus amigos, mas gosto de pessoas de verdade, reais. Não gosto de gente linda, pois gente linda não existe. As pessoas são feias, defeituosas e muitas vezes ordinárias. E a gente precisa lidar com isso e aceitar que, vez ou outra, fazemos muita cagada e agimos como se estivesse tudo bem.

Gosto do que é bom e não tenho o menor receio em dizer isso. Mas não confunda ter coisas com a alegria de viver momentos simples, puros e gostosos. Eu trabalho para ter pequenos prazeres, como fazer a unha toda semana, usar perfume e filtro solar franceses, maquiagem boa, poder beber meu vinho preferido, comprar coisas para deixar minha casa mais bonita, comprar a melhor ração que existe pra Juno, comer e beber bem, poder viajar para lugares que quero, usar toalha de algodão egípcio, ter um colchão maravilhoso, dormir em lençol e travesseiro macios e assim por diante.

Depois que a Juno chegou, nosso tapete lindo, fofo e egípcio está enrolado em cima do armário do quarto. E não pense que isso é metidice: não compro as coisas por elas serem importadas, francesas, egípcias ou jamaicanas, compro quando acho o produto bonito e bom. Trabalho justamente para poder me dar de presente pequenos luxos.

Não adianta trabalhar, trabalhar, trabalhar e só juntar dinheiro. A gente precisa curtir, investir, gastar, aproveitar a vida da melhor forma possível. É claro que precisamos ser prudentes, não saio por aí feito louca torrando toda a minha grana. Mas acho que a gente tem que se permitir viver bem e confortável. E isso não quer dizer ser fútil, alienada e só se preocupar com marcas, muito pelo contrário: só compro quando acho bom, independente da marca. Porque viver bem com simplicidade é uma das melhores coisas que existem.
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