Segunda-feira. Quando as coisas dão errado procuro rir. De nervoso. De medo da Lei de Murphy. De vontade que tudo se ajeite. Sei lá, acho que quando a gente ri acaba afastando o peso e a negatividade. Ao mesmo tempo que forço o riso sou meio braba. Deve ser a Lua em Leão. Ou minha cara cheia de sardas que lembra uma onça pintada.
Hoje acordei e me enrosquei no edredon. Acabei caindo no chão e machucando os dois joelhos. Quando fui tomar café sujei meu pijama. Quando fui tomar banho bati a cabeça na parede e doeu. Então eu pensei: mais nada pode acontecer. E logo que pensei mais uma coisa aconteceu. Bati o dedinho na cama. Falei palavrões. E comecei a rir de mim mesma.
Isso não é nada perto do resto. Tanta gente sofrendo, tanta gente doente, tanta gente com problemas graves. E me pergunto: você se importa, realmente se importa? Li um comentário aqui no blog a respeito do texto anterior. E tive que concordar. Se eu tivesse falado de qualquer assunto legal teria um montão de comentários. Mas falei de doença. Falei de criança. Falei para você se mover. E as pessoas se calam, se recolhem, ficam na sua. Até quando a gente vai se importar com a própria vida? Quando vamos começar de fato a nos preocupar com o bem-estar do outro?
Não gosto de depender de ninguém. Por mim faria todas as coisas sozinha, do meu jeito. Sei que ele não é o correto e sei que muitas vezes é meio atrapalhado. Mas pelo menos se der alguma zebra eu posso consertar. Pior é quando a gente larga na mão do outro e ele faz uma besteira. Não posso dominar o mundo nem coordenar tudo, eu sei. Muita coisa foge do meu alcance e preciso entender isso. Meu jeito não é o certo, as pessoas são diferentes, repito isso em voz baixa pra ver se fico convencida. Mas não adianta.
Sou chata, gosto de tudo no seu lugar. Quero que as pessoas se importem, acordem, se escutem. A gente tem que se escutar. A gente tem que enxergar o outro. Não apenas ver, mas enxergar, enxergar como um todo. Mas as pessoas vivem preocupadas com as próprias vidas, com dinheiro, status, modismos. Chega a dar medo. Chega a dar um nó no peito. Chega a desiludir. Mas não perco a fé na humanidade. Nem em segundas-feiras melhores.