A gente tinha tudo para dar errado, mas demos certo

By | 16:13



Não sou de mostrar minha vida e minhas coisas. Gosto de guardar quem eu amo em um cantinho de mim. Mas hoje resolvi postar essa foto para ilustrar esse texto. Foi tirada em um dia especial, num momento especial. E ele, é claro, é uma pessoa especial: o amor da minha vida.

Alguns disseram que não ia durar. Logo ele, o Chico, Chiquinho, Chicória, Chicote, Chicão. Logo ele, que não se envolvia com ninguém. Logo ele, que era um solteirão. Logo ele, o festeiro. Logo ele, que ficava com uma e com outra. Logo ele, que não se prendia. Logo ele, que tinha fama de pegador. Logo ele, que só tinha tido uma namorada quando adolescente e mais nenhuma depois de adulto.

Outros insistiam em coisas chatas. Chico, vem pra cá, aqui tá cheio de mulher (disse um "amigo" dele certa vez). Outros, mandavam ilustrações de aniversário: Chico, olha, isso é a tua cara. E era o quê? Foto de alguma mulher seminua. É, não foi fácil. Pelo contrário: foi bem, bem difícil.

Sofri muito para entender que o passado fica lá atrás. Relutei muito para realmente me entregar de vez. Pensei muito, tinha medo de sofrer. Medo que ele fosse um canalha. Medo que ele sentisse medo da vida antiga, onde tudo era festa, bebida e mulher. Medo que ele sentisse falta dos dias que tinham ficado para trás, onde tudo era prazer. Onde não existia horário, compromisso, satisfação. Onde não existia amor nem respeito nem consideração nem cumplicidade nem nada disso que a gente tem. Onde a única coisa que existia era o egoísmo.

Uma menina me atormentou durante muito tempo. Era uma ex-ficante, que me contava por e-mail, com riqueza de detalhes, o jeito que eles transavam. E apostava que o dia em que eu seria corna iria chegar. Foi por causa dela que tirei os comentários do blog. Sofri, sofri, sofri. Quase terminei. Ela estragou meus dias durante muito tempo. Era incansável. Mandava diversos e-mails. Me perseguia. Até que ela cansou.

Acabei me afastando de algumas pessoas. A gente sente direitinho quem quer o nosso bem. Se eu estou feliz e você gosta de mim, por favor fique feliz também. Se a sua vida é uma desgraça, desculpa, não tenho culpa. Se os seus sonhos e planos não deram certo, por gentileza, não descarregue em mim. Também tenho sonhos e planos que não se concretizaram e nem por isso sou amarga. Nem por isso não desejo a sua felicidade. Sempre disse e repito: é fácil ser solidário quando tudo está uma merda. É fácil esticar a mão, ficar ao lado, ouvir as tragédias. Difícil mesmo é ficar feliz lá no fundo quando o outro conquista alguma coisa. Quando ele se dá bem. Quando ele está com o coração sorrindo. A gente percebe direitinho sorrisos amarelos, olhares não sinceros. Acho isso tão pequeno. Se você gosta de alguém, se é amigo de alguém é obrigação ficar feliz pela pessoa.

Ninguém é igual a ninguém, eu sei. Não posso querer que você seja de um jeito que não é o seu. E se eu gosto, tenho que gostar por inteiro. Mesmo com defeitos, mesmo com passado, mesmo com tudo. Eu também tenho a minha história, com partes bonitas e feias. E quando duas vidas se cruzam, com tudo de errado e certo, é a gente que escolhe ficar. E foi essa a escolha que nós fizemos. A gente tinha tudo pra dar errado. Mas demos certo. E é por isso que há três anos e três meses, todo dia vinte e três, a gente comemora o amor de algum jeito.

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial