Ei, vem aqui. Senta mais pertinho e vamos fofocar um pouco. Você sabe que não gosto de batizar as coisas: homem é assim e mulher é assado. Acho meio chato e me sinto no tempo das cavernas, onde o papel do homem era sustentar a família e o da mulher era deixar a casa em ordem e tomar conta das crias. As coisas mudaram por aqui. Mulher dirige táxi, homem lava louça, mulher usa gravata e homem usa camiseta rosa. E quer saber? Acho tudo isso muito bom.
Não veria o menor problema em sustentar meu quase marido. Em pagar sozinha as contas de água, luz, telefone, condomínio, supermercado, faxineira, ração da cachorra e creme de barbear. Se ele perdesse o emprego ou quisesse investir em uma nova carreira, daria todo o apoio e suporte. É claro que ninguém vai sustentar vagabundo. Acho absurdo aqueles caras deitados, que não contribuem em nada e só sugam. Da mesma forma que acho absurdo mulheres deitadas, que não contribuem em nada e só sugam. Entende? Não é o sexo que está em questão. É a atitude.
Apesar de não gostar de dizer que as mulheres agem de uma forma e os homens de outra, me perdoe, mas preciso dividir isso com você. Os homens vivem em outro mundo. Acho, sim, que é o mundo da imaginação. Quer ver? É só prestar atenção em pequenos detalhes. Se ele está assistindo um jogo de futebol ou jogando PS3, você pode aparecer pelada dançando a dança do ventre que ele não vai dar a menor bola. Muitas vezes, na hora do almoço, você conta uma coisa casual como minha-mãe-vai-se-operar-semana-que-vem. Na outra semana, você diz que vai ao hospital. Ele pergunta o motivo. Você, irritada, suspira e diz: eu avisei que a minha mãe ia se operar!!! Ele, esquecido como quem sofre de Alzheimer, faz cara de paisagem. Cansei de repetir várias vezes a mesma coisa. A sensação que tenho é que falo com as paredes. E quando você pede ajuda na cozinha? Por favor, alcança um prato? Olha, se você pede um prato é a-g-o-r-a, neste segundo. E não daqui a pouco ou no intervalo comercial. Se é pra ser depois deixa que eu faço sozinha. Por favor, corta a cebola? Se ele não for um Jamie Oliver, vai demorar a vida. Você vai ficar irritada e vai preferir fazer sozinha.
Os homens vivem em um mundo slow motion. E a gente tem pressa, muita pressa. A gente consegue cuidar o arroz, fazer os bifes, cortar o tomate e falar no telefone. Ao mesmo tempo. A gente consegue colocar os pratos na mesa, acender as velas, organizar as flores e abrir a garrafa de vinho. A gente consegue escovar a cachorra, colocar perfume na casa e arrumar o cabelo em pouco tempo. Vai pedir isso pra eles, vai? Demora um século. É tudo em câmera lenta, devagar, devagar, devagarinho. Não me pergunte o motivo, eu não sei. Ah, se eu soubesse.
Tudo bem, entendo que cada um tem seu ritmo. E a gente tem que respeitar o outro. E entender que não existe jeito certo ou errado: existe o jeito de cada um. Olha, eu juro que entendo. Mas confesso que na TPM dá vontade de aumentar a velocidade deles. Porque como diria Giovanni Improtta, personagem de Aguinaldo Silva "o tempo urge e a Sapucaí é grande".