Amanhã é o meu casamento e eu não vou vestida de noiva

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Amanhã é o meu casamento. E desde os 15 anos eu imagino como vai ser esse dia. Tem mulher que não sonha em casar, ter filho, ter casa. Eu sempre sonhei. Sempre quis morar junto, ter uma família, mas ter também o meu trabalho, a minha individualidade, os meus projetos. Acho importante a gente não viver na sombra do outro. Não dá pra sugar, tem que acrescentar. É por isso que acho importante dividir tarefas, problemas e contas. O amor não é só alegria e oba oba. Ele também sofre de TPM.

Antigamente, me imaginava em um vestido branco, longo, salto bem alto, cabelo meio preso num coque mais soltinho. Uma grande festa, vários convidados, amigos, familiares, buquê, DJ. Então eu cresci. Em um comecinho de noite, conheci o amor da minha vida. Depois do primeiro beijo, eu ainda não tinha certeza nenhuma. Mas depois que ele beijou a minha testa, me olhou daquele jeito puro e fez o possível e o impossível pra ficar comigo, daí eu entendi. O amor é incansável. E quando o amor quer, ele vai até o fim. Começamos a namorar no dia em que nos conhecemos. Aos poucos, começamos a dormir juntos todos os finais de semana. E depois no meio da semana. Então, depois de um tempo, resolvemos morar juntos. Procuramos um apartamento, nos mudamos, conhecemos o dia a dia, a rotina, o bafo matinal, o cabelo bagunçado, o humor azedo, o valor da conta de luz, o problema na torneira da cozinha, o vizinho de cima que joga cinza de cigarro na nossa sacada. Convivemos de perto e diariamente com nossos defeitos, nossas mesquinharias, nossa sujeira, nossa loucura. E mesmo assim nos amamos. Pouco depois, sentimos necessidade de aumentar a família. Por isso, recebemos com toda alegria em nossa casa um pequeno ser muito especial: nossa filha peluda. Quem tem um cachorro sabe do que falo. É amor demais. Sempre achei que antes de um casal ter um filho deveria ter um bicho de estimação. É um ótimo teste. Divisão de cuidados, de carinho, de atenção, de tudo.

Balzaquiana, me dei conta do que no fundo eu já sabia: a gente cresce e os sonhos vão amadurecendo. Eles se modificam. Perdi a vontade do padre, da igreja, da festa para 300 convidados. Prefiro uma coisa mais simples, mais íntima. É claro que eu gostaria de comemorar intensamente com meus amigos e com pessoas queridas nas nossas vidas. Mas tudo custa dinheiro. E eu penso: vale tanto investimento por uma noite? Sou da opinião que o bom mesmo é investir em viagens. Viajar, viajar, viajar. Por isso, decidimos fazer uma cerimônia simples, no civil. E convidar apenas os familiares. Depois, vamos viajar. E vamos casar em Paris. Ou seja: vamos casar duas vezes. Semana passada, decidimos chamar um celebrante para a cerimônia aqui. Então vai ter juiz de paz, celebrante e tudo que um casamento tem: música, espumante, bem-casado, bolo, noivinho, lembrancinha. Mas eu não vou vestida de noiva. Não vou de branco. Deixei isso pra Paris. Aqui eu vou com um vestido lindo. E preto. Não tenho esse tipo de superstição. Mesmo porque eu já sou feliz desde o dia em que conheci meu quase marido. E tivemos vários percalços no caminho. Se nada nos abalou, não é agora que vai abalar. 
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