Ah, não. Para com isso. Chega de
pensar besteira, de dar trela para as neuras, de ficar achando que não pode e
nem deve ser feliz. Por que a gente é assim? Por que não nos permitimos
aproveitar os bons momentos e projetos? Sempre tem o diabinho que fica
cutucando e lembrando que tudo, tudinho mesmo, pode dar errado.
As dúvidas ficam pulando
amarelinha na minha cabeça. Será? Será? Mas será? E eu, louca e cansada,
suspiro. Penso que mais gente deve se sentir assim, procuro meditar, afastar o
que não presta de dentro da mente. Nem sempre funciona. Nem sempre consigo. Nem
sempre eu venço. E me pergunto: por quê?
Tanta gente é feliz sem culpa. Tanta
gente consegue dormir sem mil coisas ficarem rondando os pensamentos. Tanta gente
consegue relaxar. E eu, doida de pedra, me sinto culpada. Carrego pesos de
terceiros. Na hora de dormir os questionamentos mais estapafúrdios chegam para
me fazer (má) companhia. Meus ombros vivem tensos. Mesmo de férias não consigo
relaxar completamente. Sinto minhas costas travadas, duras, fora de sintonia.
Quem sabe um dia consigo?, me
pergunto com frequência. Acho difícil, já que sempre fui assim. Quando tudo vai
bem eu acho que daqui a pouco a coisa vai degringolar. Que algo ruim pode
acontecer. Que posso descobrir uma doença incurável. Que algo vai desmoronar.
Não, não pense que sou
pessimista. Muito pelo contrário, sou toda vestida de otimismo. Mas eu tenho
medo, muito medo. Medo de não conseguir, de não chegar lá, de não ter sucesso,
de não conseguir as coisas que quero, de deixar tudo pela metade, de ficar
perdida no meio do caminho sem luz, sem água, sem vida.
Espero que um dia eu melhore. Deixe
de lado essa coisa toda, essa ladainha preta e branca, essa maldita mania de
pensar. Pensar nem sempre é bom, entende? Pensar às vezes só complica tudo, só
empaca a vida, só atrapalha o andamento das coisas.
Vou ficar aqui torcendo. E se
você também tiver alguma dessas maluquices rondando a sua vizinhança, juro que
vou torcer pra você também.