Uma parte da gente quer acreditar
que o mundo ainda tem jeito, basta as pessoas tomarem jeito. Já a outra parte é
um tanto desacreditava, visto que todos os dias surge alguma desgraça ou
tragédia.
Eu sei que o mundo dá voltas, é
redondíssimo e que tudo o que sentimos, fazemos ou pensamos cedo ou tarde acaba
voltando. Só não entendo porque ainda tem gente que insiste em ser ruim. Não
entendo como um coração pode ser pesado, cheio de maldade, impureza e covardia.
Não entendo como um coração pode ser vazio, sem amor, sem respeito, sem
carinho. Não entendo. Desculpa, mas não entendo. Sei que existem pessoas boas e
ruins, que tudo é questão de índole, caráter e que quem é ruim pode virar bom
um dia.
Fica um pouco difícil acreditar
em um mundo melhor quando vemos atrocidades cometidas por pessoas que querem
mais é que tudo se dane. Que não se preocupam com o bem-estar do próximo, que
não têm a menor cerimônia em roubar, matar, machucar ou atrapalhar a vida
alheia.
Até quando ficaremos de olhos e
boca fechados? Até quando suportaremos as barbaridades que acontecem
diariamente? Se alguém é assaltado a nossa reação é dizer “ainda bem que você
está bem e que não aconteceu nada de grave”. Parece que temos que agradecer por
só terem levado as coisas materiais. Parece que temos que dizer “obrigada, seu
ladrão, por não me estuprar, esfaquear ou dar um tiro”. Até quando agiremos
assim? Não é normal ser assaltado, não é normal apanhar, não é normal ter a
bolsa furtada. Nada disso é normal. O natural é cada um procurar dar o melhor
que tem, trabalhar, construir o seu futuro. É claro que existe uma grande
desigualdade social. É claro que tem rico, tem pobre, tem mansão e tem favela.
É claro que tem criança pedindo no sinal. É claro que tem sujeira na rua. É claro
que tem fila no SUS. É claro que tem gente com fome, sede e frio. Mas a solução
para tudo isso não é encostar um revólver calibre 38 na cabeça de uma pessoa
que está parada no semáforo, distraída, cantarolando sua música preferida e
levar bolsa, celular, carro. Isso quando não levam a pessoa junto.
Me desculpa, mas eu nunca vou me
conformar ou achar normal esse tipo de coisa. Está faltando amor, compaixão,
doação, caridade e respeito. E quer saber o pior? Não sei onde tudo isso vai
parar. Não sei onde nós iremos parar.