Para me agradar não é preciso um anel de diamantes, jantares
caros, sapatos de grife, carro do ano, cobertura com vista para o mar ou viagens
para o exterior uma vez por mês. Para me agradar não é necessário abrir a porta
do carro, beijar a minha mão ou me enviar 200 rosas colombianas. Para me
agradar não é necessário fazer declarações de amor em redes sociais, escrever
poema romântico ou cantar uma música embaixo da minha janela. Para me agradar
só é necessária uma coisa: me perceber.
Não sou tão difícil assim, já que costumo dizer de muitas formas
o que me agrada e o que fica entalado na minha garganta. Já fui muito medrosa,
estúpida, imatura. Já joguei, fiz drama, cena e barraco. Já bati porta, desliguei
telefone, devolvi presentes e rasguei cartas. Mas eu cresci. E junto com essa
nova mulher surgiu uma vontade imensa de ter uma relação madura, serena e
tranquila.
Sei que nem sempre as relações são pura calmaria. Às vezes
bate um vento forte que sacode a canoa. Mas a gente precisa ter equilíbrio e
força para mantê-la na imensidão do oceano. Se relacionar é para os corajosos.
O dia-a-dia faz com que a gente acabe deixando de lado
coisas que são tremendamente importantes em uma relação, como o cuidado e o
carinho nas pequenas coisas e ações. O outro está, sim, ao seu lado para tudo. Mas
ele não tem que suportar todo o seu lado ruim.
O filme "Separados pelo casamento" retrata de forma engraçada algumas situações vividas por um casal. A esposa pede que o marido lave a louça. Ele diz que já vai (e não lava nunca), ela se indigna e diz "eu só quero que você queira lavar a louça". Eles entram em uma discussão, afinal, ninguém é apaixonado por lavar louça, não é verdade? Mas alguém tem que fazer, além disso a casa não é só de um, é dos dois. Ela pede que ele compre limões para decorar a mesa de jantar e o marido esquece. E os tais limões eram importantes pra ela. A esposa reclama que o marido nunca a levou para assistir um espetáculo de ballet. Ele diz que nunca levou porque odeia ballet. E ela diz que só queria que ele quisesse levá-la, que quisesse fazer algo que a deixaria feliz. São essas pequenas coisas: saber que determinada coisa deixa o outro feliz ou torna a vida dele mais leve e fácil. Esse cuidado com o que o outro pensa, sente e quer.
Um dia já pensei que quem me ama tem que aceitar meu lado
ótimo e meu lado péssimo. Mas a coisa não é bem assim. Se eu sei que tenho
pontos a melhorar vou me empenhar para isso, afinal, eu mereço e o outro também
merece o meu esforço. Se eu sei que determinado comportamento desagrada quem
convive comigo, vou me esforçar para melhorar. Se o outro já deixou claro suas
insatisfações, vou colocar a mão na consciência, analisar a situação com toda a
clareza e sinceridade e vou procurar ser melhor para ele. É claro que a gente
não deve ser o que esperam que sejamos. Por isso, falo da importância dessa
autoanálise: isso realmente tem sentido? Posso realmente me melhorar? Se isso é
muito importante para ele será que não é algo que nem me dou conta que faço? É primordial
tentar se ver de fora, com outros olhos.
A gente tem a mania de achar que é perfeito ou que faz o
possível. Mas tenho uma notícia pra dar para você: sempre podemos fazer mais. Sempre
podemos nos esforçar mais. Isso não quer dizer que você não seja bom, só que
você pode dar mais um ou dois passos.